Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto da primeira loja permanente da marca ê., localizada no Shopping Cidade Jardim, cresceu a partir da intenção de trazer o jardim central do shopping para dentro da loja, como se atraído pela imensa janela com vista para a cidade. Uma grande piscina abandonada cor de rosa, com as marcas da passagem do tempo, foi o caminho para que a natureza tomasse conta desse espaço.
O jardim, elemento central do espaço, teve como referência o conceito do Jardim em movimento de Gilles Clément, no qual o papel do jardineiro é apenas conduzir o crescimento espontâneo e natural da paisagem, ao invés de esculpi-la metodicamente. A maior parte das plantas selecionadas são espécies pioneiras, que iniciam a colonização de um biótopo como primeira etapa de uma sucessão ecológica. O objetivo foi criar um jardim interno que se adaptasse com relativa facilidade e aceitasse a biodinâmica das espécies, suas frutificações, florescimentos e mortes sucessivas, evidenciando o caráter cíclico da natureza ao invés de encarcerá-lo em um processo hermético. Uma subestrutura biodegradável foi construída para tornar possível a criação de um talude que permitisse a altura mínima do cultivo das plantas sobre uma laje de shopping.
O átrio central da loja, com seus 10.345 azulejos cor de rosa, sendo 10% provenientes de garimpo em cemitérios de azulejo, é inspirado na série de obras Saunas e banhos da artista Adriana Varejão. Os instaladores dos azulejos tiveram liberdade para fazer a colocação das peças de acordo com o que imaginavam ser uma piscina abandonada. O resultado final acabou sendo um meio-termo entre o apreço técnico da empresa de engenharia e a liberdade poética dos instaladores.
Ao fundo da loja, o volume central de madeira dos provadores contrasta com as prateleiras de metal, as quais emolduram a arqueologia das camadas pré-existentes do shopping, deixando aparente as paredes estruturais da construção. Nosso desejo, assim como no Jardim em movimento de Gilles Clément, é que o processo de construção e as camadas do passado pudessem alterar o resultado final da obra.
Todos os mobiliários foram criados a partir das demandas de exposição dos produtos da loja, que vão de roupas e plantas até objetos de decoração. As araras – um desdobramento da criação da primeira loja temporária que o atelier projetou para a marca – foram adaptadas e reutilizadas nesse novo projeto. Também herança dessa loja temporária são as tradicionais mesinhas de bar do Largo do Arouche, que fazem parte dos mobiliários expositivos da loja atual. Abraçadas pelo jardim, duas bancadas dão suporte para os produtos e uma terceira é o caixa, projetado com todos os equipamentos embutidos para tornar o processo de compra mais informal.